sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Por que Baianos, Pretos-Velhos, Boiadeiros e Marinheiros na Umbanda?

Quem nunca se perguntou isso, em algum momento de sua jornada dentro dos Templos de Umbanda? As vezes até passa despercebido o nome dessas linhas de atendimento.
Mas, nossa mãe do Astral, dona Maria dos Cocos Verde, acabou nos instigando a saber o porquê dessas linhas, após a visita de pessoas de uma ONG que através de um trabalho social chegou até nós (isso é assunto para outra postagem, em breve).
A Umbanda, é uma religião brasileira, com data oficial de fundação em 15 de novembro de 1908, através do Caboclo das Sete Encruzilhadas e seu médium Zélio de Moraes. Isso aconteceu no Rio de Janeiro. 
Porém, é de conhecimento que, os escravos trazidos da África, nos navios negreiros, trouxeram o culto aos Orixás e, para não se afastarem de suas crenças pois, eram "convertidos" ao cristianismo, sendo batizados, inclusive com a adoção de outros nomes, se viram obrigados a inserirem em seus rituais de louvor aos Orixás, os santos católicos; daí surgiu o termo "santo do pau oco", pois os escravos usavam as imagens ocas para colocarem os elementos relacionados aos Orixás.
Assim, juntando as duas formas de rituais, teríamos a Umbanda que praticamos hoje, onde, aceita os espíritos que o Kardecismo não trata (caboclos, pretos-velhos, etc), bem como cultua os Orixás oriundos da África e representados nos rituais de Candomblé.
Como o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse, em sua primeira passagem conhecida, a sua apresentação como um índio era uma forma de representar a humildade e a sabedoria dos índios e negros, uma vez que eram tidos como seres inferiores.
Desta maneira nascia dentro da Umbanda a linha de Caboclos e Pretos-Velhos (os nossos mentores que junto aos erês formam as três forças da Umbanda).
O Candomblé tem como primícia o culto somente aos Orixás e, como diz a Baiana, quando ela desencarnou e quis dar continuidade a sua missão e ensinamentos, se viu impedida de adentrar ao culto que ajudou a trazer da África mas que não tinha espaço pra ela. Foi quando ela mesma, conheceu a Umbanda como um canal de comunicação e, sendo uma religião brasileira e tendo ela conhecido a Bahia e cultuado seus Orixás naquele estado, usou essa imagem e nomenclatura para se apresentar nos Templos de Umbanda. Nascia assim, a linha de baianos. Podemos associar aqui também os Pretos-velhos que eram os sacerdotes e nobres em suas aldeias africanas.
Aos Boiadeiros podemos atribuir os mesmos escravos ou trabalhadores, capatazes e os mestiços que começaram a desbravar nosso país através de suas viagens intermináveis abrindo estradas e ajudando os brancos a conquistarem mais territórios brasileiro. Podemos também associar àqueles que tinham a confiança de seus donos e passavam a cuidar dos interesses das grandes fazendas, e adquiriam um pouco mais de liberdade. (como diz a cantiga "sou laçador de gado, boiadeiro é meu patrão).
Aos Boiadeiros também podemos associar alguns negros fujões, que arriscavam suas vidas levando gados e alimentos de um lugar ao outro e ousavam, durante o percurso fugir, se embrenhando nas matas fechadas. 
Já nossos queridos Marinheiros, quem tem a imagem associada a bebedeira, também tem como origem as viagens de navios, motivo do jeito de se manifestarem tendo como característica o balanço do mar e não sua condição de embriaguez. Podemos dizer se tratar dos mesmos ancestrais que remaram até a morte para trazerem os grandes navios, da África, atravessando o oceano e atracando aqui no Brasil.
Muitos morreram no percurso e foram jogados ao mar, os que sobreviviam chegavam aos portos em estado lastimável e poucos conseguiam viver muito mais. Trata-se também dos mesmos nobres e sabedores do culto ao Orixá que tiveram como última visão e morada o mar e, quando se viram na oportunidade de continuarem sua missão, a Umbanda os acolheu, nascendo assim a linha dos Marinheiros.
Assim, firma-se na Umbanda as linha que amamos, cultuamos e aprendemos pois eles são nossos verdadeiros ancestrais e deles tiramos toda a sabedoria e humildade.
Mas dentre essas entidades podemos encontrar espíritos que, em vida, não foram necessariamente escravos, mas que, dentro de suas características e desejo de evolução, se identificaram com alguma dessas linhas e podem sim virem como Baiano, Boiadeiro, Caboclo, Marinheiro ou Preto-Velho. Veja o próprio exemplo do Caboclo das Sete Encruzilhadas que, aos olhos de uma vidente era um jesuíta.
Bom, todas essas informações foram nos passada pela nossa Mentora Espiritual, Mãe do Astral, dona Maria dos Cocos Verdes e, juntamente com as demais linhas que, nos enriquecem de ensinamentos pois, como ela mesma disse: "Somos um Templo escola e, quem quiser aprender será sempre bem vindo!"
Esperamos ter trazido uma boa leitura.
Vale lembrar que, tudo aqui publicado trata-se do conceito do Templo de Umbanda Fé, Esperança e Caridade "Pai Xangô e Iemanjá", sabendo que a Umbanda em sua infinita riqueza tem várias vertentes de ensinamentos. 
Respeitamos toda a forma benéfica de culto aos Orixás e Entidades da Umbanda, desde que respeitemos uns aos outros e que os trabalhos sejam sempre em prol da "Fé, Esperança e Caridade".
Axé a todos!

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