quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Rituais

Há muitas dúvidas quando falamos nos rituais da Umbanda. Para que possamos falar um pouco desses rituais, é necessário entendermos as origens dessa religião, as semelhanças e diferenças entre as várias vertentes da própria Umbanda.
Sabemos que nas senzalas os escravos tiveram que se adaptarem as imposições de seus senhores, convivendo com tribos inimigas, com crenças divergentes e rituais diversos, praticados individualmente em suas aldeias natais. A vontade de manter as tradições trazidas, fizeram com que os escravos migrassem suas doutrinas, umas as outras, criando os Candomblés praticados hoje.
Muitos podem dizer: "mas o candomblé tem as nações distintas aqui no Brasil." 
Com certeza tem, e isso faz com que cada uma dessas nações pratique seus rituais com suas diferenças, o que não iremos nos aprofundar, uma vez que estamos falando de Umbanda.
Por outro lado, esses mesmos escravos tinham que esconderem seus rituais, camuflarem seus deuses, os orixás e, uma das formas de fazerem isso era usar os santos católicos. Eram misturar suas rezas nativas, nos seus dialetos às rezas católicas ou, pelo menos ditas em língua portuguesa.
Nascia então a Umbanda!
Não podemos esquecer do Zélio de Moraes que oficiou a Umbanda como religião, uma vez que suas manifestações mediúnicas não se enquadravam nos rituais de candomblé e também não condiziam com as doutrinas aplicadas nos centros Kardecistas.
Religião puramente brasileira que tem como característica principal a mistura de vários rituais e religiões, tornando-se rica em seus ensinamentos e democrática em sua prática.
A Umbanda tem a própria mistura de raças como princípio: Os índios com seus conhecimentos e rituais, os cultos africanos mantidos pelos escravos, as doutrinas kardecista e a religião católica.
Com tanta informação, ritual, doutrina e seguimentos religiosos, a Umbanda jamais terá um manual único, um livro com a receita de como praticá-la.
Enquanto as demais religiões seguem um padrão exclusivo, a Umbanda segue o que os guias ensinam e, nesse pensamento vamos reproduzir uma fala da nossa Mãe do Astral "Dona Maria dos Cocos Verdes" que foi de encontro o que uma Yalorixá do Candomblé disse uma vez e que ficou marcado aos dirigentes deste Templo.
"Orixá não é do Candomblé. Orixá é de quem cuida Dele."
Com essa frase, dita por uma mãe de santo, entendemos que o Orixá é livre.
A nossa querida Baiana, um dia, em nosso Templo, contou um pouco de sua história e nela havia a seguinte narrativa:
"Fui escrava, nasci em Angola... praticava meus rituais, juntos aos que comigo vieram... só quando me desliguei do corpo físico me dei conta que só dava importância aos mais velhos enquanto seres vivos. Os eguns não eram reverenciados em nossos rituais... e eu sou um egun. Porém hoje, posso continuar minha missão dentro de um terreiro de Umbanda...religião que me acolheu e será assim que darei continuidade a minha missão."
A Umbanda entende que a raiz de seus rituais está nos mais velhos e, crendo que existe vida após a vida, a sabedoria desses mais velhos perpetua após sua passagem na terra.
Esses mais velhos estão presentes nas manifestações dos Caboclos, Pretos-Velhos, Baianos, Boiadeiros e, eles são parte integrante da conduta praticada em cada templo de Umbanda. 
Com suas semelhanças e peculiaridades, a Umbanda é feita pelo conjunto das doutrinas passadas pelos pais e mães de santo e pelos seus guias.
Esses ensinamentos vão desde um banho de ervas, um benzimento, até o cuidado com os médiuns e os rituais praticados.
Portanto, não há certo ou errado dentro das práticas da Umbanda; o que há de se avaliar são as condutas e a afinidade de cada pessoa.
Tem Umbanda que não aceita nenhum ritual advindo do Candomblé ou dos cultos africanos, porém há a Umbanda onde seus responsáveis vieram do Candomblé e, portanto suas doutrinas são mistas.
Tem Umbanda que toca atabaques, tem Umbanda que não.
Enfim, queridos irmãos... a Umbanda deve ser a religião mais democrática existente e deve ser respeitada pelas semelhanças na mesma proporção que deve ser respeitada pelas diferenças.
O que não podemos aceitar jamais é a própria Umbanda se confrontar entre si, ou qualquer pessoa querer encontrar uma lógica ou uma única regra para essa religião.
Cada um escolhe a Umbanda que mais tem a ver com suas crenças, com seus anseios dentro da religião, sem criticar os demais seguimentos.
O mesmo comportamento deve acontecer entre as outras religiões, sejam elas de culto africano, católica, etc... não devemos criticá-los da mesma maneira que não devemos aceitar que nos critiquem.
A responsabilidade de cada religião será sentida por quem a pratica!!!
Axé a todos!!!

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